
Segundo reportagem do Jornal O GLOBO de hoje, após mais de quatro horas de julgamento, a corte eleitoral de Rondônia cassou nesta terça-feira o mandato do governador Ivo Cassol (sem partido), acusado pelo Ministério Público Eleitoral de captação ilícita de sufrágio (compra de votos) e abuso de poder nas eleições de 2006. Também foi cassado o mandato do senador Expedito Gonçalves Ferreira Júnior (PR-RO), acusado dos mesmos crimes juntamente com a ex-candidata a deputada federal Valdelise Martins dos Santos Ferreira e o ex-candidato a deputado estadual José Antônio Gonçalves Ferreira. Suplente na Câmara, Valdelise está impossibilitada de assumir o mandato. Já José Antônio não pode ser diplomado. A decisão ainda cabe recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Além de ter o mandato, todos ainda foram penalizados com muitas que variam de 15 mil a 95 mil Ufirs. Cassol terá que pagar 95 mil Ufirs. Além disso, o tribunal determinou a realização de novas eleições no dia 14 de dezembro. Até lá, o cargo de governador será ocupado pelo presidente da Assembléia Legislativa de Rondônia, Neodi Carlos de Oliveira (PSDC).
O Ministério Público Eleitoral requereu, em alegações finais, "a total procedência dos pedidos inaugurais, com a cassação dos mandatos políticos dos representados, declaração de inelegibilidade e demais sanções atinentes à espécie, bem como a declaração da inconstitucionalidade de eventual emenda à Constituição Estadual tendente a proteger, de modo ilegítimo, o representado Ivo Narciso Cassol dos efeitos das sanções requestadas nos autos".
Procurador diz que é o maior escândalo de compra de votos do estado
Convencida do envolvimento dos representados na compra de votos, a relatora do processo, desembargadora Ivanira Feitosa Borges, afirma que Expedito e Cassol "estiveram envolvidos na captação ilícita de sufrágio e demais atos desta decorrentes. Diversos fatos podem ser citados como exemplo. Eles fizeram campanhas juntos, conforme notórias aparições públicas. Foram fotografados juntos. O material de campanha era comum. Tinham 'formiguinhas' comuns. Tinham os mesmos doadores de recursos".
Ela argumenta ainda que eles "fizeram doações um para o outro em seus comitês financeiros, sendo que Ivo Cassol chegou a doar através de seu comitê de campanha ao comitê de Expedito Jr. o valor de R$ 200.500 exatamente na véspera e no dia da ocorrência da captação ilícita de sufrágio (28 e 29/09/06) em que os recursos saíram de Expedito Jr., mediante a participação de seu tesoureiro Robério (tesoureiro de Expedito). Formavam o mesmo grupo político. E o fato mais importante de todos: o governador usou a máquina administrativa pública para tentar ocultar a compra de votos que o beneficiou em conjunto com Expedito Jr., Val Ferreira e José Antônio".